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28/10/2013

Após crise, americanos compram castelos na Irlanda por bom preço

Quem vai pela primeira vez ao Castelo de Humewood, em Kiltegan, no Condado de Wicklow, não pode evitar: eles só conseguem dizer "Uau!" Ele é tão grande e tão estonteante, que parece ter saído de um conto de fadas. Um castelo amplo e cercado de torres cuja vista para as montanhas parece um cenário hollywoodiano.Humewood, uma propriedade irlandesa de 172,8 hectares, a cerca de 90 minutos de Dublin (capital da Irlanda), inclui 15 quartos, um salão de baile, um salão de banquetes e uma sala de bilhar, entre outras comodidades. E agora seu dono é o americano John Malone. Em novembro, o bilionário de 72 anos, diretor da gigante de telecomunicações Liberty Global, comprou o imóvel a preço de banana.
Ele pagou cerca de R$ 24 milhões (8 milhões de euros) pelo bastião gótico vitoriano de granito com 3.035 metros quadrados de área, construído nos anos 1860. Isso é cerca de um terço do valor de venda em 2006, quando o boom da economia irlandesa chegava ao seu auge. Naquele ano, o castelo foi comprado por cerca de R$ 54 milhões (US$ 25 milhões) pela empreiteira irlandesa, Lalco Holdings, que planejava transformá-lo em um dos principais hotéis de luxo da Irlanda, incluindo até uma pista de golfe. Entretanto, a ideia foi por água abaixo quando a bolha imobiliária estourou em 2008.
Contudo, a razão da compra não foi financeira: "Não comprei Humewood para investir o dinheiro", afirmou Malone. "Foi mais um ato de amor do que de perspicácia econômica". Malone descobriu que descende de um irlandês que chegou à Pensilvânia em 1830 e está entre o número crescente de americanos endinheirados que voltam os olhos sobre sua ascendência irlandesa, comprando castelos e casas de fazenda a preços de ocasião – e com dinheiro vivo.
Muitas propriedades estão trocando de mãos por cerca de um terço dos valores de 2007, graças ao êxodo de empreiteiros do país, muitos dos quais faliram quando o mercado entrou em colapso.
Empreiteiros visionários e executivos irlandeses costumavam ser os principais compradores das mansões irlandesas, de acordo com Harriet Grant, chefe de vendas de casas e propriedades rurais da imobiliária Savills Ireland, em Dublin. "Tem sido muito interessante, já que não tivemos compradores americanos em nosso mercado por muitos anos", afirmou.
Estrangeiros invadem Irlanda
Todavia, o fascínio pelos preços baixos e pela economia que lentamente se recupera na Ilha Esmeralda transformou esse cenário. Compradores estrangeiros foram responsáveis por nove das 10 maiores vendas de mansões na Irlanda no ano passado – muitos deles americanos, segundo o Sherry FitzGerald Group, uma imobiliária com sede em Dublin. Em 2013, essa tendência se manteve estável, "com americanos na liderança, mas com um interesse cada vez maior da Ásia, especialmente da China e do Japão", afirmou David Ashmore, diretor da Sherry FitzGerald.
Por exemplo, Charles Noell, fundador da empresa de private equity JMI Equity, com sede em Baltimore, comprou a Ardbraccan, uma mansão do século XVIII em um terreno de 48,6 hectares com jardins na cidade de Navan, no Condado de Meath. Noell pagou cerca de R$ 15 milhões (4,9 milhões de euros), de acordo com a Savills, a empresa responsável pela venda. Em 2008, a mansão estava avaliada em três vezes mais.
James E. Thompson, um americano que vive em Hong Kong e fundou o Crown Worldwide Group, foi para a Irlanda no ano passado para explorar suas raízes e ficou desbaratado. Ele comprou a Woodhouse, uma casa de fazenda com 161,9 hectares de terra em Stradbally, no Condado de Waterford, aparentemente por menos de R$ 19 milhões (6,5 milhões de euros). A Savills Ireland também foi responsável pelo negócio.
Em busca de novos proprietários
Esse é o melhor momento para comprar um castelo na Irlanda? Para ser sincero, a concorrência não é muito grande. Irlandeses que ganham muito dinheiro e que poderiam estar no mercado há uma década não estão mais, em função da falta de financiamento. Então, o mercado potencial se resume às poucas pessoas que podem pagar à vista, afirmou Grant. No entanto, não há um grande número de propriedades de luxo em boas condições no mercado irlandês.
Segundo ela, "em um ano pode ser que apareçam 10". "Porém, depois de quatro ou cinco anos de estagnação completa no mercado, os preços caíram para um valor considerado bom; a economia está ganhando fôlego e, de repente, os compradores internacionais estão começando a prestar atenção à Irlanda".
As vendas já estão crescendo há quase um ano. "Diversas propriedades foram colocadas no mercado com um preço de oportunidade", afirmou Grant. Algumas já tinham ido a leilão judicial. Outras foram colocadas à venda por pressões para pagar os empréstimos bancários. E, naturalmente, ocorreram vendas privadas de proprietários financeiramente atingidos pelo colapso da economia, ou que querem levar uma vida mais modesta.
O preço das casas históricas está uma bagunça e, assim como qualquer outro imóvel, a localização é importante. Há uma grande diferença de custo entre uma casa de fazenda próxima a Dublin, ou uma no Condado de Cork com vista para o mar, e uma na área rural do condado de Offaly, afirmou Grant.
Uma localização afastada do Aeroporto de Shannon, no Condado de Clare, ou do Aeroporto de Dublin pode certamente mudar o valor e o potencial de valorização. Também é difícil comparar os preços das propriedades para que se tenha uma noção dos custos de mercado. Existem muitas variáveis, da condição da casa até sua proximidade com grandes estradas.
Manter uma casa irlandesa caindo aos pedaços pode ser desanimador. Casas históricas frequentemente vêm com obrigações legais. Se a casa for tombada ou considerada de "relevância nacional", o dono precisa mantê-la e evitar que fique sem reparos.
"Os irlandeses-americanos que vêm para ver os castelos à venda passam dois dias deliciosos olhando o campo e viajando pela Irlanda, mas então eles se dão conta da situação", afirmou Roseanne De Vere Hunt, chefe de propriedades residenciais e rurais na Ganly Walters, em Dublin. "Esses imóveis históricos exigem muita reforma e manutenção constante".
Para muitos compradores, o preço faz isso valer a pena. Casas rurais que eram vendidas por 3 ou 4 milhões no auge do mercado podem ser compradas por menos de um milhão agora, afirmou Jim Clery, parceiro da KPMG Ireland e chefe do departamento imobiliário. "Os compradores sabem que terão de levar em conta os custos de manutenção desses lugares, seja pelos reparos, o cuidado com os jardins e tudo mais. Entretanto, eles estão comprando casas próximas a boas estradas e cidades".
Além disso, existem outros custos nominais ligados à compra de um imóvel na Irlanda. O governo cobra um imposto sobre a venda de todas os imóveis residências. Para imóveis avaliados em até um milhão de euros, a taxa é de 1% do valor venal. Para propriedades avaliadas em mais de um milhão, a taxa de 1% se aplica ao primeiro milhão e uma taxa de 2% se aplica ao restante.
Custo de vida é alto
O custo de vida na Irlanda não é baixo e viver em um velho castelo pode acabar rapidinho com o orçamento mensal. De acordo com a Numbeo, uma base de dados online com informações colocadas pelos usuários sobre o custo de vida em cidades do mundo todo, os preços ao consumidor em Dublin são 11,5% mais altos do que em Nova York. A International Living estima que o custo de vida na Irlanda seja 17% mais alto que a média da União Europeia. Para países que usam o euro como moeda, só a Finlândia e Luxemburgo são mais caros, de acordo com um relatório recente.
Por outro lado, os custos com reformas estão significativamente mais baixos do que durante o tempo do Tigre Celta. Isso se deve ao fato de haver muito mais gente querendo prestar serviços desse tipo, tornando-o mais barato, afirmou Clery.
Talvez ainda existam imóveis históricos à venda, de acordo com Grant. Os imóveis são frequentemente vendidos de forma discreta e privada. "Há casas em bom estado a preços baixos por aí, mas é preciso saber o que está procurando e ser paciente", afirmou. "É uma questão de estar no lugar certo, na hora certa".
Fonte: IG